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Existe apenas um tipo de coco?

Não. Muito por alto, geralmente citamos o coco de roda, o coco de umbigada e o coco de terreiro, mas a diversidade dos cocos vai muito mais além.

Maria Ayala (2017), em seu artigo Os cocos do Nordeste, afirma que não se pode precisar as origens dos cocos, unicamente que tem origem africana. Além disso, "A diáspora negra, que deslocou africanos para o Brasil, aqui mesclou conhecimentos orais de etnias africanas com outras (indígenas e europeias), criando-se, ao longo do tempo, múltiplas práticas culturais de canto, dança e poesia." (Id., p. 14) Assim, o coco (também chamado de samba devido à sua aproximação com o gênero) existe em todo o Nordeste e ressurge com diversos nomes que revelam características de diversas localidades. Ayala (Id.) indica alguns (os links abrem artigos):
  • Coco de tebei, da comunidade Olho D'Água do Bruno (Tacaratu, PE). Não utiliza nenhum instrumento, apenas o sapateado dos homens é o acompanhamento sonoro às vozes das cantadoras.
  • Samba de Pareia (isto é, de par), povoado da Mussuca, em Laranjeiras (SE).
  • Coco do Iguape, litoral de Fortaleza (CE).
  • Coco de Zambê, Tibau do Sul (RN).
  • Coco cruzado, São José das Princesas (PB).
Da mesma forma como as denominações variam revelando características das localidades, também existem vários modos de dançar o coco, seja em roda ou fileira, coreografado utilizando o recurso sonoro das pisadas de tamanco para acompanhar o cantador ou cantadora etc.


Conheça mais o coco de tebei



Referências
AYALA, Maria Ignez Novais. Os cocos do Nordeste. Sonora Brasil: Na pisada dos cocos (circuito 2017/2018). Rio de Janeiro: Sesc, Departamento Nacional, 2017, 74 p.

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